Deputada Dorinha promove debate sobre internet e pensamento crítico no ambiente escolar
A formação de cidadãos críticos preparados para interpretar informações midiáticas foi o tema de uma audiência pública convocada pela deputada federal Professora Dorinha (Democratas/TO). O debate ocorreu na manhã desta terça-feira, 06, na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, com a presença de representantes do Ministério da Educação, Instituto Palavra Aberta, Universidade de São Paulo (USP) e Unesco.
Em defesa do tema, a deputada argumentou que no contexto atual é impensável uma escola sem o uso das tecnologias e que alunos e professores não estejam preparados para um consumo responsável do conteúdo midiático. “O emaranhado de informações contidas na internet dissemina um rico e vasto conhecimento, assim como informações inverossímeis, por isso o seu uso como ferramenta de aprendizado requer orientação. A escola tem que ser um agente de transformação no consumo de informação, motivando os estudantes a desenvolverem um pensamento crítico”, afirmou.
O conceito de educação midiática parte da compreensão de que a evolução da comunicação para o modelo de convergência das mídias faz da escola um dos entes responsáveis por oferecer habilidades e ferramentas na educação de cidadãos preparados para exercer a liberdade de expressão de forma ética, crítica e consciente. O indivíduo deve ter habilidade para avaliar a informação consumida e compreender a responsabilidade que assume ao se tornar um produtor de conteúdo.
O desenvolvimento da educação midiática no ambiente escolar é um movimento mundial que tem a participação de inúmeras instituições, entre elas a Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação Ciência Cultura). Um dos principais argumentos da organização é que a educação midiática favorece a liberdade de expressão. “A partir do momento que você é um cidadão empoderado e crítico, você precisa de menos regulamentações externas, já que as pessoas estão mais éticas na disseminação do que verdade e do que não é”, destacou na audiência a representante da Unesco , Karla Skeff.
*Eleições e Fake News*
O Instituto Palavra Aberta, que atua na defesa da liberdade de expressão, destacou que o assunto se tornou ainda mais relevante no Brasil nesse momento pós-eleição, em que o papel da internet fora tão questionado devido ao impacto da discussão política no ambiente digital na decisão dos eleitores. “Crianças e adolescentes têm acesso à informação sem nenhuma curadoria e precisam ser instruídos e habilitados para analisar a veracidade e construírem a própria opinião sobre a informação nesse ambiente que traz tantas oportunidades e riscos”, afirmou a presidente do Instituto, Patrícia Blanco.
*Capacitação profissional*
O processo de revolução tecnológica nas escolas deve ser aliado à capacitação dos docentes para trabalhar com todos os benefícios educativos que a tecnologia oferece. A USP é pioneira no curso de licenciatura em Educomunicação, que prepara profissionais para atuar na educação midiática. O professor Claudemir Edson Viana, coordenador do curso, foi um dos convidados. “O mundo preocupa-se em educar as pessoas não apenas para o domínio das técnicas de uso das tecnologias de informação, mas para desenvolverem a capacidade de um uso social construtivo”, afirmou o professor.
O Ministério da Educação e Cultura incluiu a educação midiática na Base Nacional Curricular Comum. Para a representante do MEC, Alice Carraturi, no primeiro momento da inclusão da internet no ambiente escolar, os professores se preocuparam em orientar a busca das informações, posteriormente ensinaram a selecionar a informação, e no momento atual deve-se ensinar a ser crítico com o conteúdo recebido. “Toda a nossa memória educacional estava em livros e agora está nas redes. Somos responsáveis pela modificação dessa memória. O que for alterado ficará para as novas gerações. O indivíduo deve estar ciente da responsabilidade”, destacou.